Traumatizou. A terra percebe que tem seu ciclo e tenta estipular um tempo e uma teoria de recomposição. Ela não quer mais correr riscos. Talvez, ainda tenha sujeira no jardim. Ela juntou o que sobrou, guardou o que deve ser lembrado de vez em quando e vive se preparando. Mesmo sem querer, ela ainda sente a brisa boa de um jardim colorido e saudável e até ousa a sonhar com ele. Mas, melhor não.
Mal sabe a terra que os jardins surpreendem. Ou aprendem. Mal sabe a terra que as plantas venenosas são as que mais ensinam. Ou preparam.
Caiu uma semente por lá - nessa terra lenhada. Chamou mais atenção que o normal. Na verdade, conseguiu chamar atenção sem estar nos planos de nenhum jardineiro. Foi sem querer. Ela conseguiu sentir alguma coisa, pelo menos. De alguma forma, essa semente ajudava (muito) a terra. A se cuidar mais, a parar de olhar para o trauma do passado e a se divertir. Era engraçado e peculiar. Tudo meio diferente. Ela sentia que não havia caído ali por acaso. Aquecia a terra, a mente e o peito. Ninguém sabia explicar. Ninguém queria. Mas todos sentiam. Quem passava pelo jardim percebia a diferença. Estava mais divertido. E a terra sentia ou queria sentir que ainda não era a hora. Mesmo sem saber o que poderia germinar ou se de fato, germinaria. Melhor não. Ela se defendia. Criava tempestades e motivos mas mesmo assim, deixava a semente por ali. Fazia bem e ela queria. Sem querer. Mesmo que estivesse, não estaria. A semente já fazia parte da rotina, das aflições de todos os dias e dos nutrientes vindos do sol. Que medo. Era (muito) bom. Elas se regavam, se cuidavam e se esquivavam. Existia um fato: a terra estava muito mais fofa. Foi ficando, foi gostando, foi envolvendo. Ninguém queria sair. Mas, melhor não. Talvez, ainda não fosse a hora. Talvez, não exista hora. Talvez, a gente que crie. Talvez. Acho que elas querem. E vão querer cada vez mais.
Deu flor.
Tem como cortar o caule agora!?
1 comentários:
<3
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